segunda-feira, 19 de outubro de 2015


O ESCÂNDALO DA MANDIOCA E 
A MORTE DO PROCURADOR






DOCUMENTÁRIO COMPLETO.

BONS ESTUDOS!!








 







TRANSCRITO

 


                       DIÁRIO DE PERNAMBUCO, RECIFE, 6 DE AGOSTO DE 2001
 
 

                 CRIMES QUE ABALARAM PERNAMBUCO







"Em maio de 1981 espalhou-se timidamente - primeiro pela caatinga e pelas pequenas cidades sertanejas - uma historia que falava de belas construções, mansões, quase palácios, no Sertão de Pernambuco, onde a mais extrema miséria deveria estar exposta. 0 tamanho das construções e os requintes de luxo aumentavam no imaginário coletivo, mas não se cogitava de exagero quando se afirmava que aquilo era coisa de ladroagem. A apequenara se comentava que mais de um bilhão de cruzeiros do Banco do Brasil de Floresta tinham ido parar nas contas de alguns espertos, num passe de mágica. Quando a gatunagem começou a ser descoberta, soube-se que tinha agricultor que ia ao Banco do Brasil pedir CR$ 20 mil emprestados e o financiamento chegava a Cr$ 400 mil. Oficialmente, o dinheiro teria sido destinado ao plantio de mandioca. Na verdade, porem, ele havia se espalhado em 300 financiamentos irregulares, que eram associados aquelas mansões com piscinas, construidas onde faltava água até  para matar a sede. Fazendeiros inventaram enormes extensões de terra que não existiam. Somando o total registrado no Branco do Brasil daria 4.748 quilômetros quadrados, área superior a do município.
 
Políticos de oposição que sabiam do "fenômeno" não tinham muito entusiasmo para denunciar porque faltavam provas robustas e até porque se vivia, ainda, um clima muito difícil. 0 pais era governado por militares, de formal mais atenuada, depois da anistia de 79, mas ainda tinha o respaldo dos tempos de silêncio forçado. Quem denunciasse
qualquer irregularidade do sistema era logo tachado de comunista e passava a ser visto como um terrorista em potencial. Uma briga de famílias sertanejas, porem, iria furar a barreira de silencio em torno do que viria a ser conhecido como "escândalo da mandioca". Um Ferraz, adversário ferrenho de um Novaes, começou a espalhar a informação o escândalo começou a ganhar corpo. Não fosse a briga de famílias, tudo teria permanecido abafado, beneficiando um punhado de pessoas que utilizavam todos os meios para tirar proveito. Um ganhava porque tudo passava por suas mãos. Outro, porque estava muito próximo e não podia ficar de fora. Mais adiante, um outro se impunha pela patente,mais outro porque gerenciava a agencia do Banco e assim a rede se estabelecia num pacto de confiança quebrado pelo sentimento de vingança entre os Ferraz e os Novaes de Floresta, um pobre município sertanejo que precisaria acumular o orçamento durante trinta e três anos para chegar aos valores que foram distribuídos irregularmente a pretexto do plantio de mandioca(...)".






 













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