CARVALHO-NOGUEIRA X PEREIRA
Por Sálvio Siqueira
Curso do rio Pajeú - pontodeculturacabrasdelampiao.blogspot.com
O domínio territorial, naqueles idos tempos, era significativo para o destaque de alguns em relação a maioria das outras pessoas. Possuir muita terra, várias fazendas, também significava comandar a 'vida' daqueles que em sua volta sobreviviam.
Em determinada localidade quando dois ou mais senhores tinham essas posses, normalmente iniciava-se uma guerra particular entre eles e pra eles. Com isso, sobrava sempre para os menores proprietários que, dependendo do local da sua pequena propriedade, tinham porque tinham que aliar-se ao mais próximo. A partir daí, de um lado tinham seus aliados que, de uma ou de outra forma, lhes ajudavam, no entanto, os adversários do grande proprietário, tinham-no como inimigo e, muitas das vezes, sem conseguir ferir, matar e ou castigar seu inimigo maior, descontava nas costas dos pequenos.
Foto de terras do Sertão nordetino - www.poesiafaclube.com
Foto de uma casa de Taipa - www.youtube.com
Desta maneira aconteceu nas plagas e rincões do Sertão do Pajeú, interior do Estado de Pernambuco, no ocaso do século XIX para o início do século XX, com duas famílias, colonizadoras, deste Leão do Norte.
Trata-se das famílias Pereira e Carvalho. Citando essas duas famílias, queremos mostrar como eram que todos e em todos os lugares dos sertões nordestino faziam. O que tentaremos transmitir para o amigo que nos acompanha, é uma 'amostra' daquilo que acontecia com todas as famílias de poder, sem tirar nem colocar nada. Os Pereiras e os Carvalhos, nada fizeram que as outras famílias, do mesmo porte e domínio, também não tenham feito.
Em determinada época, migram para o Sertão do Pajeú, uma família, vinda dos torrões baianos, e se estabelecem na Fazenda Barra do Exu, no município da então Vila Bela - PE, hoje Serra Talhada, tendo como seu patriarca o Sr. Francisco Alves da Fonseca Barros. A partir desse ponto, estava plantado o 'tronco' dos Carvalhos. Ao longo do tempo, espalham-se e seus domínios atravessam fronteiras municipais e estaduais, conseguindo estenderem-se os mesmos, aos municípios, além do de Vila Bela, aos de Mirandiba, Belmonte, Cabrobó e Itacuruba.
Foto de um Carvalho(árvore) - www.belemcrentes.com.br
Antes, porém, também tendo migrado das terras do Estado baiano, o Sr. José Pereira da Silva, um português, que se arrancha no município da Exu - PE, e, não conseguindo ancorar sua 'Caravela' nele, perambula pelos municípios de Bom Nome em Pernambuco e Inhamuns no Ceará. Até dar-se então o casamento do mesmo com uma herdeira das terras da Fazenda Carnaúba, localizada no município de Vila Bela- PE, onde se estabelece. Com o passar dos anos, sua prole é largamente elastecida e seus domínios iam aonde as vistas alcançavam. Possuidores de léguas e léguas de terras, escravos e, segundo alguns escritores, muito ouro. Um de seus descendentes recebe as medalha de Comendador da Imperial Ordem da Rosa e de Cavaleiro da Ordem de Cristo. Ficando, a partir de então, conhecido como "O Comendador", o qual gerará um filho, que na história ficará conhecido como o Barão da Pitombeira, por ser dono de uma fazenda de nome Pitombeira, e mais tarde, por Barão do Pajeú.
Andrelino Pereira da Silva (Barão do Pajeú) Data: De 1892 a 1895 -
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Abrimos aqui um parêntese para falarmos de uma outra família, que no futuro, se entrelaça nas famílias Pereira e Carvalho. Trata-se da família Nogueira ou Barbosa Nogueira. Descende também de um português chamado Francisco Barbosa Nogueira, dono de uma grande e conhecida fazenda denominada Escadinha, por isso, todos o conheciam popularmente como Barbosa da Escadinha.
Três troncos, três âncoras, três árvores genealógicas que farão parte, num futuro próximo, de uma das sagas mais sangrentas da história nordestina. Antes, caros amigos, fiquem cientes de que, por serem os senhores destas famílias, donos de tudo, naquela região do semiárido nordestino, na época, as três descendência se entrelaçam. Se misturam, tornando-se ou gerando-se, muita vezes, em um herdeiro dos três sangues.
A política, como sempre, e não poderia ser diferente, está entrelaçada na vida dos homens. Principalmente daqueles que tem, de algum modo, poder sobre os outros. A família Carvalho e a família Nogueira fazem parte do Partido Liberal, sendo, no momento seus adversários, a família Pereira, que eram do Partido Conservador. Por aquelas datas, ocorrem vários movimentos com espingardas em mãos, servindo de ofício para muitos. Citamos alguns desses movimentos que envolvem-se em ideias separatistas, contrária as dos republicanos, tornando-se a primeira como revolucionárias, isso lá pelos anos de 1817, no Segundo Reinado Imperial. Entre 1832 e 1835 tivemos a Cabanada, já nos idos 1848 descambando para 1849, a tão discutida e estudada, Revolução Praieira, até meus caros, nas terras paraibanas, em sua região sertaneja, eclodir, em 1874, a Quebra- Quilos, que estende-se pelos Estados vizinhos.
Revolução Praieira: o levante que se pôs contra o governo de Dom Pedro II
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Voltemos as famílias. Em 1838, Francisco Alves de Carvalho, ligado ao tronco Carvalho-Nogueira, manda assassinar o, então, capitão-general das Ordenanças de Flores, Joaquim Nunes de Magalhães, correligionário da família Pereira. Em represália, Manoel Pereira da Silva, que era cel da Guarda Nacional na ocasião, ataca os Nogueira e os Carvalho. Sendo o ataque revidado a altura pelas famílias conjuntas. Na ocasião os Pereira, por força política, ficaram na legalidade, pois faziam parte do Partido Conservador. Nisso, o chefe atual da família Pereira, Manoel Pereira da Silva é nomeado delegado da Comarca da Pajeú de Flores, hoje Flores, assumindo a vaga do deposto Herculano Ferreira Pena, pelo governador do Estado de Pernambuco.
Mas, meus amigos, mesmo tendo sido uma ação com ordem direta da maior autoridade do Estado, não foi moleza cumprir-se sua decisão. Francisco Barbosa Nogueira Paz, do Partido Liberal, segura um fogo contínuo durante dois dias a fim de impedir que o cargo fosse assumido pela pessoa da família Pereira. Após dois dias de intenso tiroteio, Simplício Pereira da Silva, ciente do que estava a se passar na cidade, reúne seus cabras na fazenda e parte em socorro do familiar, e só assim, com sua ajuda, o novo delegado é empossado.
Pronto, guerra declarada abertamente entre eles. De um lado o Partido Liberal, tendo como chefes os tenentes-coronéis Serafim de Souza Ferraz e Francisco Barbosa Nogueira Paz, fazendo oposição direta, com fogo e bala, aos do Partido Conservador, coronéis da Guarda Nacional, os irmãos Manoel e Simplício Pereira. A velha Pajeú de Flores assim como a região da Serra Negra, juntamente as margens do Riacho do Navio, transformam-se em palcos de lutas, dores, sangue, lágrimas e vinganças constante, só amenizando quando Nogueira Paz, tomba pelas balas mortais dos Pereira, os quais também conseguem deter e prender Serafim Ferraz nos idos de 1849.
Assim, de tempos em tempos, sempre aconteceram tiroteios com várias vidas tiradas, entre essas famílias. Quando o Partido Político que uma segue, está no poder, conseguindo "vencer" as eleições, o outro lado, o lado derrotado, a outra família, que se aguentasse... pois vinha chumbo quente por aí.
Famílias importantes que fizeram parte da história dos nordestinos!
ResponderExcluirFamílias que deixaram legado para seus decedentes,coragem sem violência!
ResponderExcluirFamílias que deixaram legado para seus decedentes,coragem sem violência!
ResponderExcluirO conflito dos Ferreiras (familia de Virgulino), com os Nogueiras, como se origina?
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