segunda-feira, 10 de agosto de 2015


  A SAGA DO CANGACEIRO ROMÂNTICO



Por Sálvio Siqueira








                                         Como sempre, a política faz as suas vezes e revezes na vida de muitos nordestinos. Quando uma família segue determinado partido político, e este ganha as eleições, tudo torna-se favorável para ela, a família. No entanto, quando os adversários ganham a coisa muda de figura. São trocados, mudados, juízes, delegados, representantes de todas as camadas sociais... e, para quem perdeu, a sina é viver sob o jugo dos vencedores. Eles que ditam as regras e, quem perdeu, que as cumpram...






                                       O agricultor e criador de animais,  Jesuíno Alves de Melo Calado, contava com 25 anos de idade quando um fato, vindo de um clã, família, adversária, mudou totalmente sua vida.




                          Nasceu aos 2 dias de janeiro de 1844, num local denominado Tuiuiú. Propriedade rural do município de Patu, no Estado do Rio Grande do Norte. Filho do casal Sr. João Alves de Melo Calado e de dona Alexandrina Brilhante de Alencar. Tinha a pele clara, era robusto, de uma estatura de mediana para baixa, tinha os olhos azuis, tinha os cabelos ruivos, falava manso e, segundo o padre Antônio Brilhante, era tato e ambidestro. Possuidor de boa pontaria.


                                       O 'Brilhante', inserido no sobrenome da mãe, vem de parentes cangaceiros, que viveram no sul do Estado cearense. Principalmente do seu tio materno, o cangaceiro Cabé Brilhante, José Brilhante de Alencar e Souza. Era  também parente do escritor José de Alencar.

                                      Na mesma região em que morava, vivia e cuidava dos afazeres diários, residiam componentes de um outro clã, família, de sobrenome Limão. Pois bem, partiu daí, depois de uma surra que os Limões deram em um irmão de Jesuíno, a saga daquele que ficou conhecido na história do cangaço como "O Cangaceiro Romântico".

                                        Por volta de 1866, tem início os problemas entre os dois clãs,  os Limão e os Alves de Melo Calado. Exatamente por razões políticas. A família de Jesuíno era seguidora do Partido Liberal e, em contra partida, os Limões seguiam o Partido Conservador.







                                         Lucas, irmão de Jesuíno Brilhante, em uma discussão acalorada, no meio da  rua, com Honorato Limão, terminam por saírem na porrada. Honorato desce o cacete em Lucas. Esse fato deu-se por volta  do dia de natal de 1871 na cidade de Patu - RN. Ao saber do ocorrido, Jesuíno vai tomar satisfações e acaba por matar Honorato a facadas. Após esse acontecimento, o agricultor, criador, pacato cidadão, casado com a prima Maria Carolina C. de Mello, com quem teve cinco filhos, torna-se um proscrito, caçado pela polícia do local. 


                                       Junta-se, mais tarde, a dois irmãos, Lúcio e João, e ao cunhado Joaquim Monteiro. Apesar de ser procurado pela polícia, Jesuíno diferencia-se dos bandidos comuns. Não causa danos a inocentes sertanejos, não abusa de indefesas mulheres, pelo contrário, as defende e protege. Faz seu QG numa gruta de pedra. Fica denominada, desde então, como " A Gruta do Cangaceiro".





                                         No ano de 1877, uma grande seca assola o Nordeste, sem dó nem piedade. O sol segue calcinando a vegetação e de vida, o que se escuta é o estridente cantar da cigarra na caatinga sertaneja. o Império manda para a população carente, em comboios, víveres alimentícios. Os coronéis, como sempre, seguram a mercadoria, estocam em seus depósitos e as vende as pessoas. Sabendo disso, Jesuíno e seu grupo, intercedem os tropeiros que levam as cargas de mercadorias para os armazéns dos coronéis, e as distribui para os necessitados.


                                          Segundo o pesquisador Ângelo Osmiro, em matéria no blog Cariri Cangaço, Jesuíno Brilhante era: "Um verdadeiro “Robin Hood” do sertão, roubava dos ricos para distribuir aos pobres(...), aquele que protegia as donzelas ultrajadas, fazendo casamentos, principalmente de filhos de poderosos que abusavam das filhas dos sertanejos humildes, achando que não seriam punidos ou obrigados a casar."

                                          No ano de 1874, em uma ação audaciosa, Jesuíno Brilhante, invade a Cadeia Pública da Cidade de Pombal, na Paraíba, e resgata seu irmão, Lucas Alves.





                                        José Limão, conhecido como 'Preto Limão', fazia parte de uma força policial, a qual, emboscou e atirou em Jesuíno Brilhante em dezembro do ano de 1879. O destino quis que um dos maiores inimigos do 'Cangaceiro Romântico', não só estivesse presente, mas comandasse essa tropa. Ferido no braço e no tórax, é  socorrido e levado pelos companheiros para um sítio chamado Palha. Sem ter condições de um atendimento digno, vai a óbito e é enterrado ali mesmo, no meio do mato.









PS// Imagens da armas usadas pelo cangaceiro Jesuíno Brilhante/ imagem da antiga cadeia publica de Pombal - PB/Provável local onde ficaram os emboscadores para atirarem em Jesuíno Brilhante



Fotos produto.mercadolivre.com.br
 tokdehistoria.com.br448 
Acervo do pesquisador Volta Seca
 www.onordeste.com
 aluisiodutra.zip.net397 
 oestenews-heroismo.blogspot.com480






Nenhum comentário:

Postar um comentário